sábado, 9 de abril de 2011

O poeta da roça.. E por que não ?

     
     Hoje, a co-irmã Vila Isabel escolheu o seu enredo, falará sobre Angola, antes sondado pela Beija-flor. Outra possibilidade de enredo é falar sobre o estado do Ceará que, com a escolha da Vila, ganha ainda mais força. Caso venha a se confirmar o enredo sobre o estado do Ceará, espero que a escola não se perca na mesmisse e no óbvio, fazendo viagens mirabolantes sem necessidade. Nós ja vimos uma Beija-flor perdida num enredo CEP sobre Poços de Caldas, mas também ja vimos enredos CEP magistrais, tal qual  Agotime, Araxá.
 

       Se o enredo for o Ceará, que a escola pense com carinho nos seus rumos, e veja no seu passado os acertos e os erros desse tipo de enredo. Este ano, ganhamos na emoção e na SIMPLICIDADE. Seguindo esta linha, por que não falar de um ilustre cearense, que trás em sua poesia o proprio retrato do seu lugar? Por que não falar do "Poeta da Roça",  o nobre Patativa do Assaré? Fica aqui a minha sugestão.





O Poeta da Roça

(Patativa do Assaré)

Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio.



Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.



Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu seio o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.



Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito